quinta-feira, 25 de abril de 2019

Playa Girón: A primeira derrota do imperialismo na América Latina

                                  

Artigo lembra episódio histórico de tentativa 
de invasão da Baía dos Porcos, em Cuba

Judite Santos (*)


Em 1961, a recém triunfada Revolução Cubana passava pelo processo da ampla campanha de alfabetização. O país estava mobilizado de ponta a ponta para romper as cercas da ignorância que mantinha o país subjugado ao imperialismo estadunidense.


Enquanto Cuba avançava passo a passo para a consolidação da sua independência definitiva, os Estados Unidos armavam seus planos de ingerência utilizando mercenários radicados principalmente na América Central.


Era inadmissível que Cuba, uma ilha tão pequena tivesse feito uma revolução a apenas 90 milhas de distância do país mais poderoso do mundo. Nas próprias palavras de Fidel Castro, durante a invasão inimiga, “o que os imperialistas não podem perdoar é que estamos aqui. O que não podem perdoar é a dignidade, a inteireza, o valor, a firmeza ideológica e o espírito de sacrifício.


No amanhecer do dia 15 de abril de 1961, aviões de propriedade dos Estados Unidos bombardearam simultaneamente as principais bases aéreas de três cidades do território cubano, localizadas na Ciudad Libertad, Santo Antonio de los Baños e Santiago de Cuba, caracterizando uma operação militar de caráter intervencionista.


Este ataque terrorista deixou sete mortos e cinquenta e três pessoas feridas, entre elas cinco crianças. Os aviões, que haviam partido da Nicarágua conduzidos por mercenários cubanos financiados pelos Estados Unidos para agredir Cuba, foram apenas o prelúdio do que veio a ser a invasão de Playa Girón.


No mesmo dia, Fidel Castro convocou a população para defender Cuba enquanto enterravam seu patriotas mortos. Com milhares de pessoas concentradas na esquina da Avenida 23 e 12, em frente ao cemitério de Colón, Fidel declarou o caráter socialista da Revolução Cubana. “Companheiros operários e camponeses: esta é a Revolução Socialista e Democrática dos humildes, com os humildes e para os humildes”.


A declaração do caráter socialista da Revolução Cubana foi um divisor de águas. Para erradicar o analfabetismo, contou com professores e escolas para todas as crianças do país, além de promover universidades e hospitais como um direito universal e gratuito. Sem o socialismo, Cuba não  estaria entre os países com maior numero per capta de médicos e professores no mundo. E o mais importante, sem o socialismo, Cuba não teria atingido o alto nível de cultura política que possuem hoje e tampouco construído a unidade nacional em torno da resistência ao bloqueio econômico, impulsionando a solidariedade internacional entre os povos do mundo.


A herança do socialismo


Após os ataques de 15 de abril, o país ficou em alerta total frente à eminente agressão mercenária. No dia 17 de abril se consumou a invasão na região central de Cuba, através da Bahia dos Porcos, como também é conhecida a Playa Girón. A invasão contou com mais de 1.500 homens armados para a guerra, além de tanques, artilharia e mais de 30 aviões estadunidenses com a intenção de derrotar a Revolução Cubana e o governo de Fidel Castro.


Sob o comando direto de Fidel Castro, o Exército Rebelde, junto à Polícia Nacional Revolucionária e com apoio de milicianos e milicianas jovens, lutaram tenazmente contra os invasores.  No dia 19 de abril, após 72 horas de intensos combates, a vitória histórica foi anunciada.     A vitória do povo cubano frente a esta invasão é considerada pelos próprios cubanos a primeira derrota do imperialismo na América Latina.


Hoje, mais de meio século após a vitória de Playa Girón, o imperialismo domina cada vez mais a geopolítica regional e investe forte e violentamente contra a Venezuela. Atualmente a Venezuela representa a principal força de oposição aos interesses dos EUA na América Latina, mas desta vez, um novo tipo de guerra está sendo utilizada para derrotar o país sul americano.


Diferente das tropas mercenárias que invadiram Playa Girón, a desestabilização do país têm sido feita através do aprofundamento da crise econômica, como o boicote no sistema elétrico e o assédio cotidiano levado a cabo pelos meios de comunicação e governos de extrema direita.


Passados todos estes anos, a atuação dos EUA permanece inalterável. Durante a invasão de Playa Girón, os EUA projetou um governo interino no exílio para estabelecer um Governo Provisório em Cuba. Miró Cardona, chefe do Governo Provisório na invasão contra Cuba em 1961 é o Juan Guaidó de 2019 no golpe fracassado contra Venezuela.


O principais ensinamentos da vitória Girón


Fidel Castro havia compreendido que a derrota do inimigo na invasão de Playa Girón foi o que tornou possível a radicalização da revolução, o que não havia sido possível no triunfo do 1º janeiro de 1959. O episódio possibilitou o confronto à ofensiva imperialista através da estratégia de revolução que não deu um único passo atrás, mesmo nos momento mais cruciais da sua história.


Por fim, a batalha de Girón foi um marco histórico porque jogou um papel imprescindível na construção da unidade do povo Cubano. Um povo humilde e pequeno em números, mas com a moral revolucionária gigante, capaz de derrotar o inimigo mais poderoso do mundo. Assim como fez também o Vietnã em seu momento histórico. Hoje é a vez da Venezuela.


(*) Judite Santos é do  Coletivo de Relações Internacionais do MST

(Com o MST)

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