OCUPAÇÃO ELIANA SILVA, PRESENTE!
O Partido Comunista Brasileiro e a União da Juventude Comunista expressam total apoio
e solidariedade ao MLB – Movimento de Luta em Bairros, Vilas e Favelas e as famílias
desocupadas pela Polícia Militar do Estado de Minas Gerais. A PMMG atendendo a solicitação
da justiça burguesa desocupou a área onde o povo trabalhador da Ocupação Eliana Silva
construía suas casas e lutava pelo seu direito a moradia. Com forte aparato militar (que incluiu
pela primeira vez o CAVEIRÃO MINEIRO) a PMMG garantiu a Prefeitura de Belo Horizonte a
reintegração de posse do terreno. O Governo LACERDA (PSB-PT-PSDB-PPS-PCdoB) é o
principal responsável pela desocupação, que contou com o apoio do Governo Estadual e a
omissão do Governo Federal. No mesmo dia da desocupação, a presidente Dilma estava na
região metropolitana de BH divulgando e fazendo propaganda do programa Minha Casa, Minha
Vida. O PCB e a UJC manifestam seu total repúdio a ação da PMMG na ocupação Eliana Silva e
solidariedade ao MLB e as famílias desocupadas.
Partido Comunista Brasileiro e União da Juventude Comunista - Belo Horizonte – 12/05/2012
OCUPAÇAO ELIANA SILVA, PRESENTE!
Dirlene Marques
Eu ia escrever um artigo relatando o que ocorreu na desocupaçao Eliana Silva, a partir do olhar de
quem esteve la desde as 4 horas da manha. O belissimo artigo do Frei Gilvander abaixo, me satisfaz
plenamente. Assim, escrevo algo mais pessoal.
Provavelmente, voces nunca viram 350 familias lutarem pelo direito minimo de um ser humano: ter
onde morar. A ausencia deste direito, retira nossa dignidade, nossa referencia, nosso chao. Sem isto, sem
endereço nao se encontra trabalho.
Nao se consegue identidade. Nao existe. Em apenas 21 dias de ocupaçao, vivenciamos a
mudança de comportamento das pessoas: solidarias, seguras de seus direitos, constroem um coletivo. Se
sentiam como GENTE com direitos e deveres. Sao estas pequenas vitorias que mostram como os povo
trabalhador ao conseguir pela luta seus direitos, se transformam. Nao ficam esperando doaçoes de
caridade ou do Estado. A maioria das familias ficaram anos na fila de programas de moradia. Agora ja
sabem que um pais que dedica 45% de seu orçamento para pagar o sistema financeiro e apenas 2,9%
para educaçao, 3,9% saude (dados de 2010), nao é um pais serio.
E, de outro lado, estamos vendo o Brasil se transformar na 6ª economia do mundo. E, divulgar
que tem um dos homens mais rico do mundo que, a partir de 2011mais cinco homens brasileiros passam
a compor o rol dos 500 mais ricos do mundo. Nao é preciso ir longe para ver mansoes, carros luxuosos
com motoristas. Este seguramente, nao é o país de nossos sonhos.
E, fico com uma tristeza imensa quando vejo a maior parte dos antigos companheiros de luta, que
acreditavam em um mundo diferente, assumirem a ordem capitalista, destruindo o que estas familias
construiram, jogando-as nas ruas. Esquecem suas historias quando nos anos 60, 70, 80 e 90 faziam estas
mesmas lutas. Se esquecem que varios petistas atuais, moram em ocupaçoes conquistadas naquela
epoca. A tristeza de ver do outro lado da barricada, bancando a inflexibilidade do estado, apoiando as
forças policiais pessoas que ja acreditaram no movimento social.
Outra questao chocante, é a noticia de que nao houve violencia. O que é a violencia? É a morte,
a lesao fisica?
Eu vi violencias inimaginaveis. Depois de ter convivido com estas familias durante o periodo de
construçao dos barracos, vi como se desenvolvia ali novas relacoes embasada pela solidariedade.
Vivenciamos o desenvolvimento de uma comunidade. Isto é que foi destruido. Esta é uma violencia
inimaginavel.
Mas, vi outras violencias: um casal de 79 anos que tinha ali colocado sua esperança de ter uma
casinha sua, sendo colocado ao relento. Varias jovens maes, com bebes no colo, enfrentando a policia. Vi
uma mulher que indignada quando levaram o botijao e o fogao da cozinha coletiva, correu atras e tomou o
botijao e, so nao foi espancada mais porque todos entraram no meio. Vi os apoiadores da comunidade
Camilo Torres e de outros movimentos sociais, fazerem uma manifestaçao e serem agredidos, recebendo
spray de pimenta nos olhos atingindo inclusive varias crianças que estavam pertos.
A violencia de ficar durante todo um dia e a noite, cercada por todos os lados com a policia a
cavalo, batalhao de choque, Gate (Grupamento de açoes taticas especiais), helicoptero equipado para a
açao e dando voos razantes. Cercaram toda a comunidade. Nao podia entrar nem sair. Assim, até o direito
burgues de ir e vir, foi cerceado. Foi procurando valer este direito que vivenciei dois atos de violencia
fisica.
O primeiro, em torno de 9horas quando o companheiro pataxo Jean Carlos Pereira e eu
retornavamos à Comunidade Eliana Silva, de onde tinhamos saido as 7 horas da manha e onde era o
nosso lugar. Ao insistirmos em entrar algemaram e prenderam o indio Jean. Como eu estava junto, entrei
no meio e perguntei porque o prendiam. Resposta: desacato a autoridade. Mas, era a mesma situaçao
minha? Entrei na frente, tomei os dados do Jean, argumentei mas, o levaram. Prisao provocada pela
discriminaçao: indio, negro e pobre neste pais nao tem vez.
O segundo, quando dezenas de apoiadores que estavam de fora, resolveram buscar um caminho
alternativo para entrar na comunidade. A policia percebeu o movimento, foi e barrou. Porem, 4 de nos
conseguimos passar. Ao chegarmos por tras, os policiais que estavam dentro da comunidade, nos
cercaram. Como insistiamos em ficar, 2 policiais me jogaram no chao, subiram em cima de mim, forçando
minha cabeça no chao e com as maos para tras, para colocar a algema. Imediatamente, todos que
estavam la, incluindo os advogados, parlamentares e o Frei Gilvander entraram e conseguiram me
resgatar. Fiquei com o corpo todo doendo, com os braços arranhados, a roupa imunda e o oculos
quebrado. ISTO NAO TUDO NAO É VIOLENCIA?
Mais do que nunca precisamos fortalecer a rede de solidariedade, pois derrubaram as barracas
mas nao retiraram a vontade de luta. As pessoas permanecem no local.
TODO APOIO AO MLB, MOVIMENTO QUE COORDENA A OCUPAÇAO
VIVA A LUTA DO POVO QUE RESISTE!!!
VIVA A OCUPAÇÃO ELIANA
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