segunda-feira, 25 de julho de 2011

Gregório Bezerra personificou os explorados e oprimidos do Brasil. Apresentação do livro Memórias, autobiografia do revolucionário comunista Gregório Bezerra





(*) Anita Leocádia Prestes


É com profunda emoção que escrevo esta apresentação do livro de Memórias de Gregório Bezerra. Quando penso em Gregório, vejo diante de mim o povo brasileiro, os milhões de homens, mulheres e crianças do nosso país, maltratados e sofridos durante séculos de exploração e opressão.
Gregório é a legítima expressão desse povo, no que ele tem de mais autêntico e verdadeiro. É a genuína personificação dos explorados e oprimidos da nossa terra – jamais dos poderosos, dos exploradores. Estes sempre lhe dedicaram um indisfarçável ódio de classe, ódio dos opressores, conscientes do perigo, para os interesses dominantes, das “ideias subversivas” difundidas por homens como ele.
Na grande trincheira da luta de classes, Gregório sempre esteve do lado dos trabalhadores, dos desvalidos e dos oprimidos. Justamente por isso suportou constantes perseguições policiais, atrozes torturas e um total de 23 anos de cárcere em diversos presídios do Brasil. Teve de suportar a feroz campanha que os meios de comunicação a serviço dos interesses dominantes sempre moveram contra ele e contra os comunistas.
Conheci Gregório há muitos anos. Em 1946, eu tinha apenas nove anos de idade quando ele, eleito deputado federal por Pernambuco na legenda do Partido Comunista do Brasil (PCB), foi morar conosco, na casa de meu pai, Luiz Carlos Prestes. O partido havia conquistado a legalidade e elegera para a Assembleia Nacional Constituinte uma bancada comunista composta de um senador, Luiz Carlos Prestes, e catorze deputados, entre os quais Gregório Bezerra. Em nossa casa, além da família, moravam vários camaradas do PCB.

Bancada comunista na Assembleia Constituinte de 1946:
Gregório Bezerra, na fila superior, o 4º da esquerda para a direita

Gregório destacava-se, dentre todos, pela dedicação ao partido e à causa revolucionária que abraçara ainda jovem, mas sobretudo pelo humanismo que irradiava de sua pessoa. Ele sabia compreender os problemas de todos que o cercavam e relacionar-se bem e de maneira afetuosa tanto com as crianças quanto com os idosos, com pessoas importantes ou humildes, com homens ou mulheres. Gregório não incomodava; ao contrário, sempre ajudou em nossa casa e era capaz de manter permanentemente um convívio agradável com todos que o rodeavam. Lembro como minhas tias observavam que, de tantos companheiros que passaram por nossa casa, nenhum deixara tão boas lembranças e tantas saudades quanto ele.
Se Gregório sabia conversar com os adultos, também o sabia com as crianças, como era meu caso. Eis a razão por que guardo gratas lembranças dessa convivência que durou apenas dois anos, pois em 1948, após o fechamento do PCB pelo governo Dutra e a cassação dos mandatos dos parlamentares comunistas, ele foi sequestrado em pleno centro do Rio de Janeiro e levado clandestinamente para a Paraíba, onde, por meio de grosseira provocação policial, seria acusado de incendiar um quartel.
Mais tarde, eu já adulta, nossos caminhos, os meus e os dele, cruzaram-se algumas vezes na vida partidária. Foram, entretanto, encontros fugazes. Mas Gregório continuava sendo o mesmo companheiro atencioso, afável, amigo. Sempre acompanhei sua trajetória de dedicado militante comunista nos mais diversos pontos do país para onde o partido o enviava, seja na legalidade, seja na clandestinidade.
Foi com horror e indignação – como tantos outros brasileiros e também democratas de todo o mundo – que tomei conhecimento de sua prisão em Pernambuco, após o golpe militar de abril de 1964, e das bárbaras torturas a que fora submetido. Sua foto sendo arrastado seminu pelas ruas de Recife chocou a todos. Mas Gregório resistiu, apesar de já contar então com 64 anos de idade. Naquela ocasião, foi condenado a 19 anos de detenção. Mas então, em setembro de 1969, teve lugar no Rio de Janeiro o sequestro do embaixador norte-americano, promovido por organizações da esquerda armada. Em troca da vida do embaixador, os dirigentes desses grupos exigiram a libertação de quinze prisioneiros políticos que deveriam ser enviados para o exterior – entre eles estava o nome de Gregório Bezerra. Embora discordando desse tipo de ação, ele aceitou a libertação, divulgando, ao mesmo tempo, uma “Declaração ao povo brasileiro”, na qual explicava suas razões. Dizia então:
- Por uma questão de princípio, devo esclarecer que, embora aceite a libertação nessas circunstâncias, discordo das ações isoladas, que nada adiantarão para o desenvolvimento do processo revolucionário e somente servirão de pretexto para agravar ainda mais a vida do povo brasileiro e de motivação para maiores crimes contra os patriotas.
E adiante acrescentava:
- Não quero que, nesta hora, minha atitude ponha em risco a vida dos demais presos políticos a serem libertados. Nem desejo, como humanista que sou, o sacrifício desnecessário de qualquer indivíduo, ainda que seja o embaixador da maior potência imperialista de toda a história. Luto, por princípio, contra sistemas de força. Não luto contra pessoas, individualmente. Só acredito na violência das massas contra a violência da reação.
É uma declaração reveladora da personalidade de Gregório Bezerra: militante comunista dedicado e consequente, de firmeza inabalável na defesa de suas convicções revolucionárias e, por isso mesmo, insigne humanista. Reencontrei Gregório em Moscou, em 1973, onde ambos estivemos exilados, juntamente com outros compatriotas. Embora fisicamente alquebrado, como consequência das torturas a que fora submetido nos cárceres da ditadura militar, ele mantinha intacta a postura de profunda dignidade humana e as convicções de revolucionário comunista que sempre marcaram sua personalidade.
Forçado a viver no exílio, mesmo cercado do respeito, da admiração e do carinho dos companheiros soviéticos, assim como de exilados brasileiros e de outros países que então residiam na União Soviética, Gregório tinha seu pensamento permanentemente voltado para o Brasil. Sua maior aspiração era regressar à pátria e poder continuar lutando pelos ideais revolucionários a que dedicara toda sua vida.
Foram dez anos de exílio, até a conquista da anistia no Brasil, em agosto de 1979. Gregório seria um dos primeiros a regressar à terra natal, onde foi recebido com entusiasmo e carinho pelos trabalhadores, companheiros e amigos.
Durante os anos de exílio, Gregório, assim como Prestes, não deixou de contribuir para a luta pela anistia em nosso país. Viajou por diferentes países denunciando os crimes da ditadura militar. Com seu prestígio, tratou de mobilizar os mais diversos setores da opinião pública mundial em campanhas de solidariedade aos presos e perseguidos políticos no Brasil. Participou de congressos, conferências, seminários e entrevistas, sempre empenhado na luta pela democracia, contra o fascismo e por um futuro socialista para toda a humanidade, pois ele era também um militante internacionalista, para quem a luta do nosso povo não poderia jamais estar dissociada da luta dos trabalhadores do mundo inteiro.
Ao mesmo tempo, dedicou-se nesses anos a escrever suas Memórias, cuja nova edição em boa hora nos é proporcionada pela editora Boitempo. Sou testemunha de que Gregório escreveu seu livro sozinho e à mão. Companheiros residentes em Moscou naquela época se revezavam na datilografia das páginas já redigidas por nosso talentoso autor.
Gregório soube produzir um relato de sua vida, em linguagem simples e direta, sem qualquer afetação literária. Descreveu a vida de um camponês nordestino miserável, que se transformou em operário e soldado e, nesse processo, ingressou no Partido Comunista. Um militante que dedicou sua vida aos ideais comunistas, arcando com todas as consequências de tal escolha, sem jamais perder as características de grande figura humana.
Sou também testemunha do espírito de solidariedade e de companheirismo de Gregório durante aqueles difíceis anos de exílio, quando muitos companheiros entravam em desespero ou perdiam a perspectiva revolucionária. Gregório animava a todos que o procuravam, encorajava a quem estava abatido ou angustiado. Mostrava-se solidário com aqueles que precisavam de uma palavra ou de um gesto de amizade e de carinho. Seu apartamento em Moscou era um recanto aconchegante, onde se podia saborear algum prato da cozinha brasileira, por ele muito bem preparado, e de onde se saía reconfortado e confiante num futuro melhor.
Gregório era um otimista e infundia otimismo em todos que o procuravam, incluindo os jovens brasileiros que estudavam na URSS. Aos jovens, ele se esforçava por transmitir sua experiência e seus conhecimentos do Brasil para que, quando regressassem à pátria, estivessem preparados para enfrentar o futuro. A trajetória de vida de Gregório Bezerra é exemplar e deve servir de inspiração para os jovens de hoje, para aqueles que estão empenhados na realização de transformações profundas em nosso país que abram caminho para um futuro de justiça social e liberdade para todos os brasileiros. Futuro que, como nos ensina Gregório Bezerra, da mesma maneira que José Carlos Mariátegui, Fidel Castro, Che Guevara, Luiz Carlos Prestes e tantos outros revolucionários latino-americanos, só poderá ser alcançado com a revolução socialista. Gregório foi um comunista que jamais se dobrou diante das dificuldades e soube “endurecer sem jamais perder a ternura”, na feliz expressão cunhada por Ernesto Guevara.
Esperamos que a publicação desta nova edição das Memórias de Gregório Bezerra pela Boitempo constitua um estímulo à formação de jovens revolucionários em nosso país e em nosso sofrido continente latino-americano.

(*) Presidente do Instituto Luiz Carlos Prestes, Doutora em História pela Universidade Federal Fluminense. Filha de Olga Benario e Luiz Carlos Prestes.

sábado, 23 de julho de 2011

Não colam as campanhas contra Cuba arquitetadas desde Miami



Integrantes da brigada de solidariedade Venceremos, rejeitaram cá campanhas midiáticas desenhadas desde Estados Unidos contra Cuba para tentar desvirtuar o projeto social iniciado em 1959.  Em depoimento a Prensa Latina, Nadir Romo desqualificou a imagem que com esse fim transmitem televisoras e outros meios de comunicação em espanhol, dirigidos desde Miami
.É falso o que afirmam , muito longe da realidade cubana, sublinhou depois de recusar categoricamente questionamentos contra a nação antilhana em termos de direitos humanos.Cuba faz o que não é capaz de fazerem os Estados Unidos, enfatizou Romo, quem lamentou a desigualdade atual de seu país.Hispânicos e negros têm lá menos opções e o sistema de justiça é uma piada, acrescentou apos elogiar os avanços da ilha no ramo da educação e a saúde, ao alcance de todos os cidadãos.
Durante um percurso por instituições sanitárias, o contingente estadunidense conheceu lucros do ocidental território no programa de atendimento aos recém nascidos e na assistência oftalmológica.A zona, conhecida antigamente como Cenicienta (Cinderela) pelo seu acentuado subdesenvolvimento, exibe agora uma taxa de mortalidade infantil de 3,6 pela cada mil nascidos vivos.
Em conversa com autoridades locais os brigadistas receberam uma ampla informação sobre as medidas para evitar perdas de vidas humanas durante os açoite dos furacões, muito freqüentes nesta localidade.A ilha é um exemplo, pode dar lições ao mundo, acrescentou.O bloqueio imposto pelas administrações estadunidenses a Cuba atinge também aos meios de comunicação, insistiu Benjamín Ramos, outro dos jovens do agrupamento de amizade.Lamentou o silêncio de uns e as tergiversações de outros sobre o caso dos cinco antiterroristas cubanos encarcerados nos Estados Unidos desde setembro de 1998.
Ramón Labañino, Gerardo Hernández, René González, Antonio Guerreiro e Fernando González, alertaram à ilha sobre planos violentos cozinhados desde Miami.Os pormenores do injusto processo judicial contra
Os Cinco (como se conhecem internacionalmente) não são conhecidos em Nova York razão pela que incrementamos as ações de divulgação em colégios, igrejas, sindicatos, comentou Ramos a Prensa Latina.O propósito é envidar esforços na solidariedade com a causa pela libertação de Ramón, Antonio, Gerardo, Fernando e René, os cubanos não estão sozinhos nessa luta, afirmou.
A brigada Venceremos, que chegou a véspera a esta região, dialogará aqui com estudantes e trabalhadores em comunidades e instituições educativas e culturais.O itinerário pela província abrange, aliás, visitas à indústria do tabaco e aos sítios onde se colheita o melhor fumo do mundo.Composto por latinos radicados nos Estados Unidos e nascidos nesse país, o grupo iniciou sua agenda solidária em dias prévios, depois de seu chegada à Havana.(Com a Prensa Latina)

sexta-feira, 22 de julho de 2011

IMPERDÍVEL: UM TORTURADOR NO BANCO DOS RÉUS





Celso Lungaretti

Os companheiros que moram em São Paulo tem um dever a cumprir na 4ª feira (27) da semana que vem: o Coletivo Merlino e o Grupo Tortura Nunca Mais/SP pedem comparecimento em peso à audiência marcada para as 14h30, no Fórum João Mendes (pça. João Mendes, centro velho de SP). Na ocasião, o ex-comandante do DOI-Codi paulista, Carlos Alberto Brilhante Ustra, será confrontado com as testemunhas da morte do jornalista Luiz Eduardo Merlino, um dos aproximadamente 40 resistentes assassinados naquele centro de torturas da rua Tutóia, durante os  anos de chumbo.
Trata-se do segundo processo movido pela família de Merlino contra Ustra. O anterior foi arquivado em 2008 graças a um subterfúgio legal, conforme expliquei na época:
"...[Ustra] dsprezou a chance que teve de provar sua inocência, alegada desde que a atriz Bete Mendes, em 1985, o identificou como seu torturador.
Ao invés de deixar a ação seguir até que o mérito fosse julgado, a defesa conseguiu seu arquivamento sob a alegação de que uma das várias pessoas que acusavam Ustra não comprovara sua legitimidade como parte do processo (dizia ter sido companheira de Merlino, mas não anexara documentos que o provassem).
Ou seja, Ustra escapou pela tangente, aproveitando uma brecha jurídica para evitar a sentença que certamente lhe seria desfavorável".
A família voltou à carga com uma ação por danos morais acusando Ustra de responsável pela morte sob tortura de Merlino, em julho de 1971, nas dependências do DOI-Codi. E a corte, desta vez, rechaçou as manobras evasivas.
Vão depor, no dia 27, testemunhas da tortura e morte de Merlino, como cinco companheiros de militância no Partido Operário Comunista (Otacílio Cecchini, Eleonora Menicucci de Oliveira, Laurindo Junqueira Filho, Leane de Almeida e Ricardo Prata Soares); o ex-ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo de Tarso Vanucchi; e o historiador e escritor Joel Rufino dos Santos.
As testemunhas do torturador, ouvidas por carta precatória, serão José Sarney, Jarbas Passarinho, um coronel e três generais da reserva do Exército brasileiro. O primeiro foi um figurão do partido de  pinóquios  que negavam a existência das torturas e o segundo, ministro de governos ditatoriais que praticaram a tortura em larga escala e sem limites. Para bom entendedor...
Já declarado torturador pela Justiça paulista noutro processo, Brilhante Ustra agora poderá ter oficializada a condição de assassino. (Publicado  originalmente em Pátria Latina) A imagem é de Latuff.


NOVOS TEMAS

quinta-feira, 21 de julho de 2011





NOVOS TEMAS – Revista do Instituto Caio Prado Jr

NOVOS TEMAS – Revista do Instituto Caio Prado Jr



Revista de Debate e Cultura Marxita



Número 03 – Junho de 2011

Entrevista – com Leandro Konder: Filósofo da dialética.(foto)

FUNDAMENTOS

Crítica ao programa de Gotha – Observações sobre o Programa do Partido Operário Alemão – Karl Marx

Louis Althusser e o corte epistemológico no pensamento de Karl Marx e Friedrich Engels – Marcos Cassin

Trabalho voluntário e responsabilidade social da empresa: novas formas de exploração da força de trabalho e de extração da mais-valia – Silvana Aparecida de Souza

A política da forma jurídica – Sílvio Luiz de Almeida

HISTÓRIA IMEDIATA

O capital na era da luta de classes disciplinada – Francisco José Soares Teixeira

O capital-imperialismo: algumas características – Virgínia Fontes

Ironias da crise: de Bengazi a Fukushima - Despolarização, fim do crescimento global, rebeliões periféricas, crises ideológicas – Jorge Beinstein

IDEIAS EM MOVIMENTO

Resenha – Chvostimus und Dialektik (Reboquismo e Dialética)

Livro inédito de György Lukács (Edição italiana, Coscienza di Classe e Etoria – Codismo e Dialettica, Roma, Edizioni Alegre, 207,166p.,posfácio de Slavoj Zizek) - Antônio Carlos Mazzeo

Resenha – FONTES, Virgínia. O Brasil e o capital imperialismo: teoria e história – Ricardo da Gama Rosa Costa

http://institutocaiopradojrmg.blogspot.com/
(Imagem: Toni Godoy/Google/Divulgação)

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Memórias, de Gregório Bezerra



Mais de trinta anos após a publicação das Memórias(1979), de Gregório Bezerra, o lendário ícone da resistência à ditadura militar é homenageado com o lançamento de sua autobiografia pela Boitempo Editorial, acrescida de fotografias e textos inéditos, e em um único volume.
O livro conta com a contribuição decisiva de Jurandir Bezerra, filho de Gregório, que conservou a memória de seu pai; da historiadora Anita Prestes, filha de Olga Benário e Luiz Carlos Prestes, que assina a apresentação da nova edição; de Ferreira Gullar na quarta capa; e de Roberto Arrais no texto de orelha.
Há também a inclusão de depoimentos de Oscar Niemeyer, Ziraldo, da advogada Mércia Albuquerque e do governador de Pernambuco (e neto de Miguel Arrais) Eduardo Campos, entre muitos outros.

(Com o Instituto Luiz Carlos Prestes)

MANIFESTAÇÕES EM SOLIDARIEDADE AO PCB



Até agora, mais de duzentos intelectuais, militantes e organizações progressistas, de vários Estados do Brasil e de vários países, se manifestaram em solidariedade ao PCB, diante de uma representação da Confederação Israelita do Brasil no Ministério Público Eleitoral, acusando o partido de anti-semitismo, conforme nota política que aqui republicamos, ao final das assinaturas. O manifesto está aberto a adesões, através do endereço secretariageral.pcb1@gmail.com .
SOLIDARIEDADE AO PCB
Prestamos nossa solidariedade ao PCB (Partido Comunista Brasileiro) diante de representação judicial em que é acusado de “incentivar a discriminação e a proliferação da intolerância religiosa, étnica e racial em nosso país”.
Independentemente de nossa concordância ou não com as posições políticas do PCB, reconhecemos nele um partido político que, ao contrário da acusação, luta por uma sociedade laica, igualitária e fraterna, sem discriminações de qualquer natureza.
Esta absurda representação, além de constituir um atentado à livre organização partidária, fere todas as cláusulas pétreas da Constituição Brasileira que se referem à liberdade de organização e de expressão.

Uma linha de luta pela derrubada do capitalismo


 Elisseos Vagenas [*]

Organizar o contra-ataque! Este artigo foi escrito durante a importante (48 horas) greve geral à escala nacional de 28-29 de Junho, a qual abrangeu todos os lugares de trabalho. As manifestações grevistas da Frente Militante de Todos os Trabalhadores (PAME), que congregou os sindicatos que atuam com base numa orientação de classe, foram sem precedentes.
As manifestações e comícios em massa do PAME são diferentes daquelas das lideranças sindicais comprometidas das federações de sindicatos do sector privado (GSEE) e do sector público (ADEDY). A razão é não só a participação maciça dos trabalhadores, sua militância e as medidas para a sua proteção como também o fato de que eles não procuram meramente impedir o novo "pacote" de medidas anti-povo mas avançam com a necessidade de entrar em conflito pleno com a UE e a exploração capitalista como um todo.
Em contraste com as manifestações dos chamados "cidadãos indignados", os quais gritam o apelo à "neutralidade" através do slogan enganoso de "ladrões, ladrões" em frente ao parlamento, o slogan que prevalece nas manifestações maciças do PAME é: "Nenhuma engrenagem pode girar sem os trabalhadores. Os trabalhadores podem atuar sem os patrões!"
A linha de combate do partido comunista e do trabalho e do movimento sindical com orientação de classe torna-se cada vez mais importante sob as atuais condições quando o povo grego experimenta as conseqüências da crise capitalista que traz pobreza, desemprego e privação para as famílias da classe trabalhadora e quando o governo do PASOK juntamente com a UE e o FMI implementam um programa anti-povo selvagem com o objetivo de reduzir o preço da força de trabalho e o aumento da competitividade e da lucratividade do capital.
O KKE enfatizou desde o primeiro momento que a crise capitalista, a qual está a ser experimentada pelo povo grego, exprime a agudização da contradição principal entre o caráter social da produção e do trabalho, por um lado, e a apropriação capitalista privada dos seus resultados, por outro. Além disso, lutou contra a campanha enganosa era alegadamente subserviente ao FMI ou a potências estrangeiras, revelando que o memorando anti-trabalho exprimiu escolhas concretas da burguesia grega referentes a alianças que assegurassem a sua lucratividade nestas condições específicas.
O KKE refutou as posições social-democratas e oportunistas que são propagadas pelas forças do chamado Partido de Esquerda Europeu (European Left Party, ELP) bem como por outros, posições que atribuem as causas da crise à gestão neoliberal porque elas escondem a atividade das leis do sistema explorador; elas escondem que as crises estalam independentemente da gestão social-democrata ou liberal com o aguçamento das contradições do sistema: a anarquia e a desigualdade que caracterizam a produção capitalista, a super acumulação de capital a qual verificou-se no período de crescimento econômico devido à exploração da força de trabalho e não pode encontrar um caminho que lhe assegure uma alta taxa de lucro.
Ao longo dos últimos dois anos houve multifacéticas lutas com orientação de classe contra o assalto do capital, a política anti-povo do governo liberal da ND anteriormente e do governo social-democrata do PASOK hoje, o qual é apoiado pelas outras forças políticas burguesas e as lideranças do sindicalismo subjugados ao governo e ao patronato.
Mais de 20 greves gerais à escala nacional foram organizadas com êxito no período 2010-2011; além disso uma série de greves em sectores e companhias, comícios em massa, ocupações de edifícios públicos e de outros edifícios também, lutas maciças com a participação de centenas de milhares de trabalhadores e forças populares.
O KKE e o PAME, o movimento do trabalho com orientação de classe, os comícios militantes apoiados pelo nosso partido nos movimentos dos agricultores, dos auto-empregados, das mulheres e da juventude desempenharam um papel importante nestas lutas.
A linha de luta do KKE e do movimento com orientação de classe deu uma contribuição especial para o conflito com o capital e a política anti-povo quando clarificou desde o princípio que a crise, o déficit e a dívida são um produto do desenvolvimento capitalista, da estratégia que apóia os grupos monopolistas e que os responsáveis não são responsáveis por isto. Cada vez mais trabalhadores vê hoje este fato quando comparam a dívida do estado (350 mil milhões de euros) com os depósitos dos capitalistas gregos, os quais na Suíça montam a 600 mil milhões de euros.
Cada vez mais trabalhadores estão a abandonar os partidos burgueses (PASOK-ND), abrem os seus olhos para as avaliações e as propostas do KKE uma vez que os comunistas se demonstraram corretos pelos desenvolvimentos verificados. O KKE denunciou o governo e a UE porque eles chantageiam o povo com o não recebimento da 5ª prestação do empréstimo a menos que aceitem as novas medidas anti-trabalho.
Os comunistas na Grécia apóiam firmemente que é a plutocracia que deve pagar pela crise pois é a responsável pela mesma. Ao mesmo tempo, o KKE acredita que a luta por todo problema do povo deve desenvolver-se na direção da organização, concentração e preparação de vastas forças populares e da classe trabalhadora não só para criar melhores condições para a venda da força de trabalho como também para o derrube do sistema explorador de modo a abrir o caminho para o poder do povo e a economia do povo, para o socialismo.
[*] Membro do CC do KKE e responsável pela Seção de Relações Internacionais. Este artigo foi publicado em Socialist Voice, publicação mensal do Partido Comunista da Irlanda.
O original encontra-se em http://inter.kke.gr/News/news2011/2011-06-30
Este artigo encontra-se em http://resistir.info (Com a Pátria Latina)

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Atenção para esta importante entrevista com Fidel Castro

Leia com atenção esta importante entrevista que o escritor e jornalista galego Ignacio Ramonet fez co o lider cubano Fidel Castro Ruz


Entrevista com Fidel Castro

Ignacio Ramonet
 – Gostaria de perguntar se você não acha que a estrutura de partido único seria inadequada para a sociedade cada vez mais complexa como a atual sociedade cubana.
Fidel Castro – Quanto mais cultura adquire e mais conhece o mundo, mais o nosso povo se contenta com a unidade e mais a valoriza. Posso ver o espetáculo que ocorre em alguns países que têm 100 ou 120 partidos... Não acredito que se possa idealizar isso como forma de governo, nem se pode idealizar isso como forma de democracia. Seria uma loucura, uma manifestação de alienação. Como um país do Terceiro Mundo pode se organizar e se desenvolver com cem partidos? Isso não conduz a nenhuma fórmula saudável de governo. Em muitos países, o sistema eleitoral clássico, o tradicional, com múltiplos partidos, acaba se transformando em um concurso de simpatia ou não, de verdade, em um concurso de competência, de honestidade, de talento para governar. Em uma eleição desse tipo, acaba se elegendo o mais simpático, aquele que se comunica melhor com as massas, aquele que tem a presença mais agradável, a melhor propaganda na televisão, na imprensa escrita e no rádio. Ou, finalmente, aquele que tem mais dinheiro para gastar em publicidade.
Como você bem sabe, porque já analisou em alguns de seus livros, em alguns países latino-americanos que prefiro não mencionar, as campanhas eleitorais custam centenas de milhões de dólares, ao estilo norte-americano, e os assessores de marketing ensinam ao candidato como se pentear, se vestir, se dirigir à população, e o que deve e o que não deve dizer. Tudo isso é um carnaval, uma verdadeira farsa, um teatro.
Às vezes, nessas eleições participam apenas aqueles que têm recursos econômicos suficientes para investir em propaganda. Aqueles que têm mais acesso aos meios de comunicação de massa são quase sempre os que obtêm a vitória eleitoral. Se um candidato da oposição não consegue mobilizar recursos suficientes para realizar uma campanha eficaz – o que os publicitários norte-americanos chamam de “campanha científica de publicidade” -, pode perder as eleições. Essa é a realidade. Os resultados desse tipo de eleição são muito estranhos, principalmente pela presença de fatores que pouco têm que ver com a aptidão do candidato.
Em Cuba, além disso, o Partido não foi criado para lançar e eleger deputados, como ocorre em qualquer outro lugar. Por exemplo, na Espanha, no PSOE, o presidente Felipe Gonzalez decidia quem integraria o Parlamento em nome do PSOE. Um método tão simples como fazer uma pesquisa, calcular o dinheiro que têm, a publicidade com que podem contar; mas não importa, se calcular que tem 15 ou 20 por cento em uma província saberá o número exato de deputados que lhes correspondem, vai nomear os candidatos e depois o cidadão vai votar num partido. Porque o partido é uma coisa abstrata, uma organização, e o eleitor vota nessa coisa abstrata; quem elege concretamente os deputados, que designa, é o partido.
Outros têm, como os ingleses, ou os jamaicanos, o distrito; é um pouquinho melhor o sistema do distrito, que é um ou dois, mas que adquire uma grande experiência no Parlamento. Em geral, os funcionários públicos das ilhas do Caribe são mais eficientes e estão mais preparados que os funcionários públicos do sistema presidencialista.
Para nós, um dos primeiros princípios é que aqui o Partido [Comunista] não escolhe, quem escolhe é o povo; os vizinhos de cada circunscrição se reúnem em assembléia e escolhem, ou melhor, designam os candidatos que vão representá-los no Parlamento; nisso o Partido não pode intervir.
Ignacio Ramonet – É difícil de acreditar que o Partido não intervém.
Fidel Castro – Nosso Partido não escolhe nem elege. Os delegados das circunscrições, que são a base de nosso sistema, são propostos pelo povo em assembléia, por circunscrição. Não podem ser menos de dois nem mais de oito candidatos para cada circunscrição, e esses delegados de circunscrição, que constituem a Assembléia Municipal em cada município do país, é o povo que propõe e escolhe em eleições, nas quais precisam obter mais de 50 por cento dos votos. A Assembléia Nacional de Cuba, com um pouco mais de seiscentos deputados, é constituída, quase em 50 por cento, por esses delegados de circunscrição, que não apenas têm o papel de constituir as Assembléias Municipais, mas também de lançar os candidatos para as Assembléias Provinciais e a Assembléia Nacional.
Não vou me estender, mas, realmente, gostaria que um dia se conhecesse um pouco mais sobre o sistema eleitoral de Cuba; porque é espantoso que gente lá do Norte às vezes me pergunte quando vai haver eleições em Cuba. Mas quem poderia fazer a pergunta são os cubanos: “O quanto é preciso ser milionário para alcançar a Presidência dos Estados Unidos?” ou então considerando que não seja necessário o candidato ser milionário, poderíamos perguntar: “De quantos bilhões necessita o candidato para ser eleito presidente?” Ou “Quanto custa um cargo, até mesmo um modesto cargo municipal?”
No nosso país não ocorre nem pode ocorrer isso. Não se enchem as paredes de cartazes, não se usa maciçamente a televisão com mensagens subliminares, acho que é assim que se chamam.
Pode haver dois, três, até oito candidatos, normalmente são dois ou três, quase sempre dois; às vezes dividem o trabalho, porque é o costume, a histórica, fazem a campanha juntos e são gente de muita qualidade. E quase a metade do Parlamento é constituída por essas pessoas que se elegem nas assembléias populares.
Ignacio Ramonet – E essas pessoas não são membros do Partido?
Não precisam ser, não mesmo, para nada. É apenas coincidência o fato de um número bem elevado delas ser membro do Partido. E o que isso demonstra? Simplesmente que há muita gente boa, que muitas das melhores pessoas estão no Partido. No Partido pode haver católicos, protestantes; a convicção religiosa não é um obstáculo – no princípio até foi. Mas o Partido está aberto hoje a pessoas das mais diversas crenças religiosas.
E o fato de que os que são escolhidos, uns 13 ou 14 mil, pela população e eleitos pela população – em eleições nas quais os candidatos precisam obter mais de 50 por cento dos votos para se eleger – serem, em sua maioria, membros do Partido, demonstra que as mulheres e os homens selecionados pelo Partido não são corruptos, são gente limpa, muita gente nova, muita gente com formação superior. E posso lhe garantir que, a cada dia da história deste país, de suas lutas, de seus enfrentamos, de suas batalhas, este povo adquire cada vez mais cultura, e valoriza e aprecia a unidade como algo essencial e indispensável.
Ignacio Ramonet – Em muitos países do extinto bloco socialista, ser membro do Partido era uma maneira de obter privilégios, benefícios e favores. Fazia-se isso mais por interesse que por convicção ou espírito de sacrifício. Não é o que acontece em Cuba?
Fidel Castro – Este Partido não concede privilégios. Se há uma obrigação qualquer a cumprir, o primeiro que tem o dever de ir é o militante do Partido. E não escolhe, ou seja, não é o Partido que designa os candidatos ao Parlamento, são as pessoas. E tampouco elege. O Partido não elege os deputados, são as pessoas, repito, são todos os cidadãos que elegem os deputados. Entretanto, o Partido dirige, eu diria, de uma forma ideológica, define estratégias, mas compartilha com as organizações de massas. É um conceito diferente do que houve em outros países socialistas, onde foi fonte de privilégios, de corrupção, e foi a fonte de abuso de poder.
Ignacio Ramonet – Mas já vimos que aqui também há corrupção. Você calcula que em Cuba, entre os dirigentes, não haja corrupção?
Fidel Castro – Houve casos de funcionários que negociavam com poderosas empresas estrangeiras, e às vezes, sabe como é, são convidados para um restaurante, ou para ir à Europa, onde ficam na casa do dono ou num hotel de luxo. De fato, alguns funcionários nossos gastavam milhões em compras. Então temos de um lado esses compradores milionários e do outro a arte de corromper de muitos capitalistas, mais ardilosos que uma serpente e às vezes piores que ratos. Os ratos anestesiam enquanto estão mordendo e são capazes de arrancar um pedaço de carne durante a noite. Da mesma maneira, foram entorpecendo a Revolução e arrancando-lhe a carne.
E não eram poucos os que deixavam evidente sua corrupção, e muitos sabiam e suspeitavam disso, porque viam o nível de vida, e às vezes em pequenas bobagens: o sujeito reformou o carro, pintou, pôs um acessório, uns frisos bonitos, porque ficou vaidoso. Várias vezes ouvimos histórias como essas, e tivemos de tomar medidas. Mas isso não se resolve facilmente.
Estamos nos esforçando e temos a sorte de estar conseguindo evitar ao máximo – não conheço nenhum outro caso – esses fenômenos de corrupção ou de abuso de poder. Isso não se admite aqui. Pode haver corrupção, há muita gente aqui que se envolveu com isso, mas não pode existir num quadro de direção do Partido ou num quadro de direção do Estado, nenhum deles pode.
Estou explicando o fundamento, a essência, da conduta ética. Podem investigar se algum dirigente da Revolução tem conta em algum banco no exterior, os que conseguirem encontrar alguma prova podem pedir o que quiserem; os dirigentes da Revolução, assim como eu, não têm um centavo [de dólar], pode ser que tenhamos alguns pesos, que ainda sobram, porque quase todos os gastos são pagos.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

A deseducação oficial

                                Carlos Lúcio Gontijo
(...)Nada disso deve tirar-lhe a iniciativa boa e salutar de continuar apostando espontaneamente na pessoa, no ser humano iluminado, que não pode ser desacreditado. (Trecho extraído do romance “O Contador de Formigas” – CLG/1998)
         Indubitavelmente, o hábito e o gosto pela maquiagem é um procedimento herdado dos tempos de ditadura militar, em que os generais se revezavam no comando da Nação brasileira, na tentativa de dar um aspecto democrático ao autoritarismo
           Não resta a menor dúvida de que a ditadura militar contribuiu para o aniquilamento de toda uma geração no tocante à formação de novos líderes, para a criação de um ambiente propício ao alastramento da erva daninha do Estado negocista e aético, semeado pelo neoliberalismo econômico e fertilizado exatamente no vazio de sentimento de nação e filosofia de espírito coletivo.
          Inacreditavelmente, se levarmos em conta os elogios que são feitos nas colunas e páginas necrológicas dos meios de comunicação em homenagem a cada político que morre, não dá para entender como a corrupção, o fisiologismo, os intermináveis escândalos e a malversação do dinheiro público sejam assuntos corriqueiros do noticiário jornalístico. Até parece que político morto se torna imediatamente em político bom!
          Vivemos uma democracia ainda firmada em alicerces fincados na areia movediça do autoritarismo. Nosso ensino permanece sob uma estrutura pedagógica avessa ao incentivo crítico, com a escola visualizando no estudante questionador um aluno-problema. Grande número do contingente de professores brasileiros foi instruído dentro de um regime que abominava os livros, censurando todos os autores e obras literárias que contestavam suas práticas discricionárias. E, infelizmente, passados os anos ditatoriais, o novo regime, então deliberada e democraticamente, também não cuidou da educação, deixando os professores ao deus-dará dos baixos salários e, portanto, sem condição de comprar livros além dos necessários ao tema curricular ou buscar cursos de aperfeiçoamento.
          Cremos que a forma deturpada com que se conduz o ensino hoje – transformado em fábrica formal de diplomas, por meio da qual jovens que mal sabem grafar o nome vão engordar as pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que apontam a queda do analfabetismo no Brasil – explica de forma clara o porquê da existência de tantos estudantes que leem, mas não entendem o conteúdo do texto, apesar de se encontrarem prestes a sair do ensino fundamental, ao qual terminam sem dominar a escrita e a leitura.
          Fala-se muito em campanhas voltadas para o estímulo à leitura, porém o governo, por intermédio do MEC, envia às escolas um pacote de livros escolhidos por uma comissão de notáveis intelectuais (sabe lá Deus movidos por que forças estranhas!), desrespeitando usos, costumes e linguagens regionais desse vasto Brasil. Certamente, com tal procedimento, leitores potenciais são desestimulados logo ao contato com o primeiro livro, exatamente pela inexistência de proximidade.
          Lembramo-nos de que entre os 1990 e 2000, os leitores-mores, sob o pálio de oficial sabedoria (como ainda agora acontece), selecionaram 100 títulos destinados à biblioteca básica de todas as escolas de ensino fundamental, cometendo inclusive o desatino de não incluir um livro sequer versando sobre ciências; contudo indicaram “Os Sermões”, de Padre Antônio Vieira, e “As razões do Iluminismo”, de Paulo Rouanet.
          Indubitavelmente, o hábito e o gosto pela maquiagem é um procedimento herdado dos tempos de ditadura militar, em que os generais se revezavam no comando da Nação brasileira, na tentativa de dar um aspecto democrático ao autoritarismo. O que temos de real é que, sem a democratização do acesso da população a ensino de qualidade (não basta garantir vaga em escola), a democracia jamais será regime de fácil materialização em nosso dia-a-dia, uma vez que não raro as urnas são usadas para ungir administrações danosamente autoritárias, que se utilizam do sufrágio que lhes é concedido pelo voto popular e agem como se fossem ditadores iluminados pelo histórico divino poder dos reis.
            Carlos Lúcio Gontijo
            Poeta, escritor e jornalista
          www.carlosluciogontijo.jor.br


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sábado, 9 de julho de 2011

Sinval Bambirra, nome de Praça em BH

          Inaugurada solenemente nesta tarde a Praça Sinval Bambirra na Vila Paris, em Belo Horizonte. O prefeito Marcio Lacerda e a jornalista Maria Auxiliadora Bambirra, viúva do homenageado, retiraram a cobertura da placa e do monumento em três dimensões retratando o rosto do ex-sindicalista e ex-deputado.Oradores foram se sucedendo,.mostrando o significado do ato-coisa rara neste país- reconhecendo a vida e obra de um combatente das causas trabalhadoras e contra as injustiças sociais.

            Dentre eles, os advogados Antonio Ribeiro Romanelli e Obregon Gonçalves. Também foi convidado a falar o jornalista José Maria Rabelo, criador e ex-diretor do jornal O Binômio.

         Além de conduzir os trabalhos. o ex-vereador Betinho Duarte, interveio várias vezes. Numa delas referindo-se à importância do ato, no momento em que falsas lideranças querem fazer crer que estiveram na linha de frente de combate à ditadura.

           Em outra, para lembrar da importância de se comemorar, em agosto, a obtenção da lei da anistia, ainda que ela não tenha saído como desejássemos.

           Maria Auxiliadora falou ao final, agradecendo a presença de todos os amigos de Bambirra.

             Dentre os presentes, o economista Bruno Ferreira Alencar, representando o governo do Estado, e o secretário político (presidente) do Partido Comunista Brasileiro em BH, José Francisco Neres, ex-líder tecelão, na época em que Bambirra dirigia o Sindicato da categoria na cidade.

         Também presentes, diversas personadgadas ao Memorial da Anistia ( em construção na Rua Caramgola e que será um dos Patrimônios da Humanidade, na expressão de Betinho Duarte.

             Betinho, acrescente-se, é autor do Projeto Rua Viva, que homenageia os principais .lutadores  contra a ditadura militar, que resultou em um livro que consulto sempre, com 676 páginas, com capa de Oscar Niemeyer.